"A falta de respostas me traz às vezes uma vontade enorme de agredir. Transitar no descontrole que é não se entender me é ainda sofrido. Ainda não lido bem com estar assim perdido. Parece, muitas vezes, que destruir o de que mais gosto é o jeito de ter alguma liberdade para construir qualquer coisa. Quando o grito vem subindo até a boca, tento dizer baixinho para mim e para quem estiver perto que é melhor conversar depois, mas nem sempre dá tempo."
Este post seria um roubo duplo se eu não tivesse pedido pro autor, o Tony Monti. Tem o texto inteiro em algum lugar lá no blog dele, só que eu não sei onde... Faz o seguinte: procura lá que certamente vc vai topar com muitas outras coisas boas....
29.9.06
Acabou Chorare
Recentemente, tenho vontade de pôr aqui quase tudo o que leio... vontade de dividir com outros as coisas que vão me moldando. Muitas coisas que me identifico e quero gritar por aí, outras por estarem muito distantes de mim e causarem estranheza. Como o "disco" da vez é o Acabou Chorare, vou pôr aqui só pra lembrar um pouco da voz da Baby que - convenhamos - é demais, né?
Acabou chorare, ficou tudo lindo
de manhã cedinho
tudo cá-cá-cá, na fé, fé, fé
no bu-bu-li-li, no bu-bu-li-lindo
no bu-bu-bolindo
talvez pelo um buraquinho
invadiu-me a casa
me acordou na cama
tomou o meu coração
e sentou na minha mão
abelha. abelhinha
acabou chorare
faz zum-zum pra mim
faz zum-zum pra eu ver
abelha, abelhinha
escondido faz bonito
faz zum-zum e mel
inda de lambuja
tem o carneirinho
presente na boca
acordando todo gente
tão suave mé, que suavemente
acabou chorare
no meio do mundo
respirei eu fundo
foi-se tudo pra escanteio
vi o sapo na lagoa
entre nessa que é boa
fiz zum-zum e pronto.
Acabou chorare, ficou tudo lindo
de manhã cedinho
tudo cá-cá-cá, na fé, fé, fé
no bu-bu-li-li, no bu-bu-li-lindo
no bu-bu-bolindo
talvez pelo um buraquinho
invadiu-me a casa
me acordou na cama
tomou o meu coração
e sentou na minha mão
abelha. abelhinha
acabou chorare
faz zum-zum pra mim
faz zum-zum pra eu ver
abelha, abelhinha
escondido faz bonito
faz zum-zum e mel
inda de lambuja
tem o carneirinho
presente na boca
acordando todo gente
tão suave mé, que suavemente
acabou chorare
no meio do mundo
respirei eu fundo
foi-se tudo pra escanteio
vi o sapo na lagoa
entre nessa que é boa
fiz zum-zum e pronto.
28.9.06
na modorra das tardes de domingo...
Hoje o dia está arrastado, sabe quando você faz muitas e muitas e muitas e muitas e muitas e muitas e muitas e muitas.... coisas e parece que tudo se repete repete repete repete repete repete repete repete repete repete... e o tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo não pa-ssa nunca? Parece que é ansiendade ao contrário, porque as coisas não são penosas. Tudo pode ser degustado (... conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs...) Tem dias em que cada minuto é uma hora, em que o chefe fala trinta vezes a mesma coisa, em que vejo os mesmos sorrisos oitenta vezes seguidas. Nada hoje é surpresa, já sei das réplicas e tréplicas de todas as conversas, de tanto que já aconteceram (real ou imaginariamete). Desde manhãnzinha está assim, o sol levou hooooras pra nascer, quase perdeu o dia inteiro só nesse comecinho... penso que até deitar minha cabeça no travesseiro e sonhar coisas leves vou levar meses...
ai, que preguiça...
ai, que preguiça...
26.9.06
Fúria
Levar tiros, adoecer e morrer, cometer suicídio, etc... é uma situação recorrente nos meus sonhos. Sempre quando acordo lembro da sensação da morte e do tempo vivido do lado de lá do túnel; da quase morte principalmente, quando o calor do sangue rouba a atenção de todas as outras sensações e eu acordo afoita, mas viva. Depois volto a dormir e já nem me assusto mais (no sonho mesmo, quase morrendo penso: "ufa, ainda bem que é sonho". Vez ou outra - confesso - acho ruim ser só sonho...). Esta noite foi diferente, e me assutou.
Eu não morri, matei - e matei raivosamente, com vontade mesmo, com toda a minha alma. Depois de matar ainda fiz questão de fazer picadinho da "coisa" (é, não era uma pessoa, era uma coisa, em forma de pessoa). No sonho, tanta era a ira, que eu queria me certificar que o corpo carbonizado, decapitado e seco estivesse morto mesmo. Pra isto, subi em cima da cama onde ele estava e batia nele com toda a minha força (que é pouquinha, mas pra mim faz efeito) eu também arrancava camadas de pele dele, como se estivesse descascando uma cebola... No fim, uma terceira pessoa teve que me tirar de lá, me segurar e me acalmar. Mas não funcionou bem, acordei assustada. Mau humor até agora.
Não gosto de matar, e ainda acho que o negócio não morreu direito, nem virou pó.
Eu não morri, matei - e matei raivosamente, com vontade mesmo, com toda a minha alma. Depois de matar ainda fiz questão de fazer picadinho da "coisa" (é, não era uma pessoa, era uma coisa, em forma de pessoa). No sonho, tanta era a ira, que eu queria me certificar que o corpo carbonizado, decapitado e seco estivesse morto mesmo. Pra isto, subi em cima da cama onde ele estava e batia nele com toda a minha força (que é pouquinha, mas pra mim faz efeito) eu também arrancava camadas de pele dele, como se estivesse descascando uma cebola... No fim, uma terceira pessoa teve que me tirar de lá, me segurar e me acalmar. Mas não funcionou bem, acordei assustada. Mau humor até agora.
Não gosto de matar, e ainda acho que o negócio não morreu direito, nem virou pó.
23.9.06
e outra...
Falo esta língua que não entende.
Que mesmo parecida, diferente.
Um idioma que é mais meu,
apesar das mesmas palavras.
As vezes mesmo em absurdo silencio
só estou contando estórias,
filmes, livros, sonhos, conversas,
etcetera...
Estou até fazendo promessas
Não é só força de expressão
Falo esta língua que você não entende bem
Mas a que você fala, fica idem, idem.
Sem tradução.
Que mesmo parecida, diferente.
Um idioma que é mais meu,
apesar das mesmas palavras.
As vezes mesmo em absurdo silencio
só estou contando estórias,
filmes, livros, sonhos, conversas,
etcetera...
Estou até fazendo promessas
Não é só força de expressão
Falo esta língua que você não entende bem
Mas a que você fala, fica idem, idem.
Sem tradução.
mais uma do meu pai, vai...
A cabeça entre a morsa e eu aqui
Uma marreta na bigorna dos ouvidos e ainda
estiletando o rim e o fígado e aqui
passando o nariz na maquina de moer e ainda
as pernas quebradas e aqui
A boca amordaçada e ainda
Os olhos piscando cacos de vidro e aqui
Acido sulfurico no estômago e ainda
vísceras expostas e aqui
Triturado facilmente os pés e ainda
Esfolada a pele e aqui
Desmanchada a alma em soda caustica e ainda
Desinfetado o coração e aqui
Castrado com navalha e ainda
Desintegrado o cérebro e aqui
A mesma alma no mesmo espirito de porco
Ainda e aqui agora mais um pouco
Uma marreta na bigorna dos ouvidos e ainda
estiletando o rim e o fígado e aqui
passando o nariz na maquina de moer e ainda
as pernas quebradas e aqui
A boca amordaçada e ainda
Os olhos piscando cacos de vidro e aqui
Acido sulfurico no estômago e ainda
vísceras expostas e aqui
Triturado facilmente os pés e ainda
Esfolada a pele e aqui
Desmanchada a alma em soda caustica e ainda
Desinfetado o coração e aqui
Castrado com navalha e ainda
Desintegrado o cérebro e aqui
A mesma alma no mesmo espirito de porco
Ainda e aqui agora mais um pouco
20.9.06
Sério mesmo
que em alguns fins de dias como hoje, eu seria a pessoa mais feliz do bairro (sem pretensões, né...) se tivesse alguém junto. Eu penso assim: eu chegaria, beliscaria alguma coisa na cozinha, ia pro computador (as usual) (lá fora chove, muito) Aí ele chega, sem bater porque tem a chave. me pega distraída, põe uma música alegre que nem esta da madeleine peyroux que acabei de ouvir (ela tá na moda, acho... lançou cd novo, né? não sei, li hoje já umas 4 vezes o nome dela) assim, alegre assim... aí a gente dançaria a música toda, até dar risada e falar oi. É... como eu sou normal, né? Acho que vi isto nos "anos incríveis", anos atrás...
em casa
Puta tanto de gente talentosa que tem nessa internet... e isso, falando só da redinha do rio e são paulo que tenho passeado... e especialmente dos universitários ou recentes ex universitários (difícil sair do mundinho). Agora me dei conta que desdeque este notebook entrou por esta porta de casa, eu nunca mais virei uma página de livro aqui dentro.
18.9.06
mais um sonho
Eu estava deitada no seu colo, era confortável, seguro. Você era velhinho, bem velhinho e tinha toda a sabedoria que a idade pode trazer - tinha vivido o melhor da vida. Vestia uma bermuda verde, uma camisa rosa e um chapéu roxo bem bonitinho. Continuava magrinho, mas a idade lhe havia proporcionado uma barba rala e branca e a necessidade de usar óculos. Você me fazia carinho e eu não estranhava o fato de termos nos conhecido com a mesma idade e que você envelhecera e eu não. Eu sabia que além das rugas o tempo também lhe aguçara a malandragem, e que eu ali, assim entregue, estava mais uma vez dando a cara a tapa, vulnerável. Tudo isto era claro, porque estávamos em um sofá no meio de um pantano. À nossa volta: a vida, seus perigos e prazeres. Em torno do sofá na confusão do pantano, peixes se disfarçavam de folhas. Eram baiacús, extremamente lindos, venenosos e espinhentos, mas pra você não representavam risco algum; eram apenas folhas secas, sujeitos ao seu controle. Eu tinha medo de sair de lá pra vida, e também de estar lá, de você, mas o teu carinho me inebriava, e eu não pensava em mais nada.
Não sei como, um espinho de um baiacú me pegou na palma da mão, e foi o maior medo que eu já senti. O risco confirmado, a certeza do fim. Delicadamente, você tirou o espinho, que saiu ensanguentado e doeu. Então me levantei, fui em direção ao resto. A cada passo um peixe virava folha seca; eu sabia que era disfarce, mas nem ligava; não tinha mais nada a perder.
Não sei como, um espinho de um baiacú me pegou na palma da mão, e foi o maior medo que eu já senti. O risco confirmado, a certeza do fim. Delicadamente, você tirou o espinho, que saiu ensanguentado e doeu. Então me levantei, fui em direção ao resto. A cada passo um peixe virava folha seca; eu sabia que era disfarce, mas nem ligava; não tinha mais nada a perder.
15.9.06
14.9.06
Prisão
Às vezes penso que só quando eu morrer vou conseguir viver. Sei que isto não é privilégio meu, muita gente o sabe. Mas estou com vontade de contar como sinto...
É que dá uma vontad e de sair voando por aí, se misturando com as coisas. Ontem no meio da tarde eu não estava no escritório mas sim dentro do ônibus, em frente ao cemitério do Araçá, e pensei no "descanse em paz", deu uma paz no coração: as árvores, o sol refletido nos túmulos. Depois pensei que lá dentro do cemitério tem tanta gente, e deve ter tanta gente chata, acho que isto não funciona muito bem... Quando eu morrer, quero ficar no mato. Ou num lugar que nem o filme a praia (só de espreita, não participando...)
Será que a morte é muito solitária?
12.9.06
4.9.06
mundo cruel
Por que eu não consigo ficar quieta eu vou contar a história do pé de pêssego que tem lá perto de casa, só por ter mais nada pra falar, por estar de bom humor e tagarela. Não tem metáfora nenhuma aqui.
Lá na pracinha alguém plantou um pé de pêssego. É uma árvore mirradinha e feinha que tem lá, bem na heitor penteado, parece que vai morrer a qualquer hora. Nunca dei nada pra ela, nem ninguém. Aí, há um tempinho atrás ela começou a dar um botãozinho de flor - as folhas todas tinham caido, só reparando bem é que dava pra ver o botão. Os galhinhos marrons escondiam aquela bolinha branca. Pra saber dela, tinha que parar pra olhar a árvore. E lá não é lugar de parar, a heitor é uma via de fluxo até que intenso, ninguém pára por ali, e se pára, é pra esperar o ônibus. Nessas grande avenidas não se proseia parado pra não perder tempo. Tudo, todos passam rápido por ali, até o próprio tempo. Assim, as bolinhas foram se multiplicando até que um dia, antes da hora do trabalho, uma delas explodiu. E pronto: tava ali, bem no meio da rotina da heitor penteado, a florzinha mais bonita da região. E ninguém via; mesmo quando os galhinhos mirradinhos já estavam forrados de florzinhas; salpicados de branco e rosa, nin-guém parava. Eu também nem reparei mais; tinham tantas e estavam ali todos os dias, acabaram virando parte da mesmice. Outro dia, lancei o olhar na árvore, e no lugar das florzinhas, vi alguns pêssegos, também pequenininhos e delicados (eu queria saber onde é que tem outro pé de pêssego pelo bairro...).
Hoje, depois de muito procurar a árvore, escondida no meio da paisagem cinzenta, vi que não tinha mais nenhuma fruta.
Lá na pracinha alguém plantou um pé de pêssego. É uma árvore mirradinha e feinha que tem lá, bem na heitor penteado, parece que vai morrer a qualquer hora. Nunca dei nada pra ela, nem ninguém. Aí, há um tempinho atrás ela começou a dar um botãozinho de flor - as folhas todas tinham caido, só reparando bem é que dava pra ver o botão. Os galhinhos marrons escondiam aquela bolinha branca. Pra saber dela, tinha que parar pra olhar a árvore. E lá não é lugar de parar, a heitor é uma via de fluxo até que intenso, ninguém pára por ali, e se pára, é pra esperar o ônibus. Nessas grande avenidas não se proseia parado pra não perder tempo. Tudo, todos passam rápido por ali, até o próprio tempo. Assim, as bolinhas foram se multiplicando até que um dia, antes da hora do trabalho, uma delas explodiu. E pronto: tava ali, bem no meio da rotina da heitor penteado, a florzinha mais bonita da região. E ninguém via; mesmo quando os galhinhos mirradinhos já estavam forrados de florzinhas; salpicados de branco e rosa, nin-guém parava. Eu também nem reparei mais; tinham tantas e estavam ali todos os dias, acabaram virando parte da mesmice. Outro dia, lancei o olhar na árvore, e no lugar das florzinhas, vi alguns pêssegos, também pequenininhos e delicados (eu queria saber onde é que tem outro pé de pêssego pelo bairro...).
Hoje, depois de muito procurar a árvore, escondida no meio da paisagem cinzenta, vi que não tinha mais nenhuma fruta.
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