31.7.06

matar ou morrer?

Queria ser do tipo de pessoa (acho o máximo dividir as pessoas em tipos: tem os bons, os maus, fumantes, não-fumantes, corinthianos, palmeirenses, que gostam de vôlei, de futebol, de surf, loiros, ruivos, morenos... e tem os que matam e os que morrem). Estava dizendo que eu queria ser um tipo de pessoa: o que comete crime passional (não adianta matar por matar, ou por dinheiro; mas só porque esta é a única solução cabível, o único fim digno pro restante da história, a chave de ouro - até suicídio vale). Faz tempo que eu percebi que não sou do tipo suicida: não consigo fazer nenhum ato impulsivo. Antes de me matar eu passaria horas pensando no que é que as pessoas iriam pensar de mim, até que, no fim (no fim não: antes dele) iria desistir pra culpa não cair bem nas pessoas que mais gosto. Não me matar seria, então, um ato de altruísmo. Pra ser passional tem que ser exageradamente egoísta, que eu não sou (mas queria ser). Queria que o "foda-se" piscasse mais perto, que fosse mais acessível. Saber tomar atitudes pensando só no meu bem estar. Matar. Eu só sei morrer - ou querer morrer.

30.7.06

Janelas Abertas Nº2

(do Caetano Veloso)

Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro
Percorrer correndo os corredores em silêncio
Perder as paredes aparentes do edifício
Penetrar no labirinto
O labirinto de labirintos
Dentro do apartamento
Sim eu poderia procurar por dentro a casa
Cruzar uma por uma as sete portas, as sete moradas
Na sala receber o beijo frio em minha boca
Beijo de uma deusa morta
Deus morto, fêmea de língua gelada
Língua gelada como nada
Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília
Em cada uma matar um membro da família
Até que a plenitude e a morte coincidissem um dia
O que aconteceria de qualquer jeito
Mas eu prefiro abrir as janelas pra que
entrem todos os insetos

29.7.06

Conclusão:

É muito difícil ser legal quando estou cansada!
(acho que nem consigo...)




Segundo o "oráculo" do orkut, minha vida mudou completamente hoje... será que foi alguma resposta atravessada que eu dei?

25.7.06

Terça de manhã...

"... as coisas vão mudar daqui pra frente, vou madrugar com nossos irmãos, seguir o pai para o trabalho, arar a terra e semear, acompanhar abrotação e o crescimento,”
“- Poupatempo, colega?
“- tsc-tsc...”
“- Foto pra documento é aqui, se for renovar carta é para o outro lado...”
"... participar das apreensões da nossa lavoura, vou pedir a chuva e o sol quando escas­sear a água ou a luz sobre as plantações, contem­plar os cachos que amadurecem,..."
“- Bom dia, amiga”
“- Dia”
"... estando presente com justiça na hora da colheita, trazendo para ca­sa os frutos, provando com tudo isso que eu tam­bém posso ser útil; tenho mãos abençoadas para plantar, ..."
“- Foto pro poupatempo?”
“- Não, obrigada”
"... querida irmã, não descuido o rebento de cada semente, e nem o viço em cada transplante, sei ouvir os apelos da terra em cada momento, sei apaziguá-los quando possível, sei como dar a ela o vigor pra qualquer cultura, e embora respeitan­do o seu descanso,...
“Bom dia, amiga. Indo trabalhar?”
“Arram...”
“Bom trabalho.”
“... brigada”
“... vou fazer como diz o pai que cada palmo de chão aqui produza; sei muito so­bre a cultura nos campos, e serei também exem­plar no trato dos nossos animais, "
“Vai tirar foto, princesa? Aqui é mais barato.”
“(...)”
“... eu que sei me aproximar deles, conquistar-lhes a confiança e a doçura do olhar, nutri-las como se deve, prepa­rando o farelo segundo meu apetite,”
“Renovar a carteira de habilitação?”
“... ministrando no cocho os sais que forjam a força dos múscu­los, arrancando a erva daninha que emagrece nossos pastos, ceifando o capim na boa altura, vi­rando-o ao calor e à umidade da atmosfera, fe­nando-o em feixes ou em fardos quando preciso, eu que sou destro no manejo da foice e do forca­do; sei ordenhar as vacas, sendo extremoso com...

24.7.06

Segunda de manhã...

(... Quantos artistas / Entoam baladas / Para suas amadas / Com grandes orquestras / Como os invejo / Como os admiro / Eu, que te vejo / E nem quase respiro...)
“Foto pro poupatempo?
Não obrigada”
(... Quantos poetas / Românticos, prosas / Exaltam suas musas / Com todas as letras / Eu te murmuro / Eu te suspiro / Eu, que soletro / Teu nome no escuro / Me escutas, Cecília?...)
“Vai tirar foto hoje?”
“Não, obrigada.”
“Renovar a habilitação?”
“Não obrigada, to indo trabalhar”
“Bom trabalho, então.”
(... Mas eu te chamava em silêncio / Na tua presença / Palavras são brutas...)
“Bom dia.”
“Diiiiia...”
“Tirar foto hoje?”
“Não, não...”
(... Pode ser que, entreabertos / Meus lábios de leve / Tremessem por ti / Mas nem as sutis melodias / Merecem, Cecília, teu nome / Espalhar por aí...)
“Bom dia amiga.”
“Bom dia.”
“Indo trabalhar já?”
“Já tá tarde...”
“Bom trabalho então.”
“Obrigada, pra você também...”
(... Como tantos poetas / Tantos cantores / Tantas Cecílias / Com mil refletores...)
"Foto pro poupatempo?"
"Não obrigada."
"Renovar a habilitação?"
"Não obrigada."
"Xerox?"
"Não."
"Exame médico, psicotécnico..."
"Não obrigada, estou indo pro trabalho..."
(... Eu, que não digo / Mas ardo de desejo / Te olho / Te guardo / Te sigo / Te vejo dormir...)

17.7.06

chutando a autocrítica...

Resultado de uma manhã em casa:

Me surprendo, alegre
e todos os sorrisos
que não são tantos como deveriam,
não tão claros quanto poderiam
mas são.
.
Quando eu escrevia singular, pluralizavam.
Agora, ao me querer plural, singularizo.

Inconstância

Algumas certezas se sabiam tão certas. E eram (ou é-rram).
É preciso aprender a aprender. E não esperar, viver.
...é que isso de saber não sabendo; de admirar, respeitar, e mais que querer - está me fazendo um bem... (confiança nessa vida!)
Eu tenho uma sensação estranhinha (mas boa) de medinho, de falta de gravidade. Como se eu fosse mergulhar de cabeça, mas saísse voando.

12.7.06

proto - conversa I

Não brinque com fogo,
nem atire nos pés...
O corpo pende pra frente,
Você pode quebrar a cara.
________________________
Posso abrir mão,
soltar o peito
me livrar das correias
Arranco os pés se for preciso
Não vou cair,
vou abrir as asas.