22.5.08

ACHAVA QUE NÃO PODIA SER MAGOADA

Achava que não podia ser magoada;
achava que com certeza era
imune ao sofrimento —
imune às dores do espírito
ou à agonia.

Meu mundo tinha o calor do sol de abril
Meus pensamentos, salpicados de verde e ouro.

Minha alma em êxtase, ainda assim
conheceu a dor suave e aguda que só o prazer
pode conter.

Minha alma planava sobre as gaivotas
que, ofegantes, tão alto se lançando,
lá no topo pareciam roçar suas asas
farfalhantes no teto azul
do céu.

(Como é frágil o coração humano —
um latejar, um frêmito —
um frágil, luzente instrumento
de cristal que chora
ou canta.)

Então de súbito meu mundo escureceu
E as trevas encobriram minha alegria.
Restou uma ausência triste e doída
Onde mãos sem cuidado tocaram
e destruíram

minha teia prateada de felicidade.
As mãos estacaram, atônitas.
Mãos que me amavam, choraram ao ver
os destroços do meu firma-
mento.

(Como é frágil o coração humano —
espelhado poço de pensamentos.
Tão profundo e trêmulo instrumento
de vidro, que canta
ou chora.)

(Sylvia Plath - tradução de Mônica Magnani Monte)

minhas janelas estão sujas
(olhos nublados que não vêem)
apago a luz
aparece um coração riscado à mão
tantos detalhes esquecidos...
este, o vidro guardou
fecho os olhos, respiro, e durmo

quem escreveu isto?

fazendo faxina no computador.


Vez em vez eu acho que to chegando perto, tenho a impressão de que vou poder olhar com tranqüilidade, ver com serenidade o que ficou pra trás. Parece que o muro é só uma porteira que guarda o mundo. Que não há esconderijo pra lá.

Eu penso assim, mas logo recomeça a descida, e eu vejo que a distancia é maior que a vida, mas sei que o caminho é continuar pra frente. Vejo cidadezinhas passando, gente passando, rios. E penso que há morros de distancia existe uma terra minha, onde eu me acalmo, e que a correnteza nem é tão brava assim... quase que eu me animo, quase que a caminhada pára de ser penosa, quase... Vez em quando eu sei que o carinho é, mas desacredito, confio mais nos tapas – mais sinceros, mais sentidos.

21.5.08

já postei

sopro

Quando eu te conheci você tinha vento nos cabelos.
Aos poucos, meus dedos preencheram o espaço do vento,
não são leves, mas acariciam.
E agora, como você faz pra voar?