Então - os meninos descobriram que amor
Que amor com amor
Que um homem riachoso escutava os sapos
E o vento abria o lodo dos pássaros
Um garoto emendava uma casa na outra com urina
Outros sabiam a chuvas. E os cupins
Comiam pernas de armário, amplificadores, ligas
religiosas...
Atrás de um banheiro de tábuas a poesia
Tirava as calcinhas pra eles
Ficavam de um pé só para as palavras -
A boca apodrecendo para a vida!
De tarde
Desenterraram de dentro do capinzal
Um braço do rio. Já estava com cheiro.
Grilos atarraxados no brejo pediam socorro.
De toalha no pescoço e anzol no peixe
Eles foram andando...
Botavam meias-solas nas paisagens
E acendiam estrelas com lenha molhada.
Acharam no roseiral um boi aberto por borboletas
Foi bom.
Viram casos de ostras em canetas
E ajudaram as aves na arrumação dos corgos
A todo momento eles davam com a rã nas calças
Cada um com a sua escova
E seu lado de dentro. Apreciavam
Desamarrar os cachorros com lingüiça.
À margem das estradas
Secavam palavras no sol como os lagartos
Passavam brilhantina nos bezerros. E
Transportavam lábios de caminhão...
Nunca poucos fizeram tantos de pinico!
Só iam pra casa de lado - com uma pessoa
Que tem cobra no bolso.
E para cada mão - os cinco dedos de palha.
9.5.07
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Um comentário:
Que delícia poder mostrar a obra de Manoel para o meu grande amigo.
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